Sobre o livro
O livro Arquiteturas do cotidiano – a obra de Ribas Arquitetos, 1960-2007, de autoria de Marcio Cotrim, trata da produção do escritório de arquitetura Ribas y Cia (Francisco Ribas y José Luis Cia), fundado no início de 1960 em Barcelona, e reivindica sua inserção dentro da cultura arquitetônica catalã da segunda metade do século XX, período quando a Espanha, impulsionada pelo crescimento econômico iniciado na década de 1950, dava sinais de renovação do pensamento arquitetônico desvinculando-se lentamente dos esquemas clássicos da década de 1940.
A inserção proposta neste livro se apoiou em pelo menos dois eixos que conduziram a pesquisa: a participação na consolidação da arquitetura moderna catalã da construtora que antecedeu a constituição do escritório, a Ribas y Pradell; e a análise e constatação de uma produção a partir dos anos 1960 que se mostrou segura e coerente, desenvolvida em meio a rotina de um escritório pequeno que buscou o ponto inflexão de sua obra numa evolução lenta e acumulada no dia a dia de trabalho.
No primeiro caso – através da construtora Ribas y Pradell – foram desvelados obras e personagens fundamentais dentro da historiografia arquitetônica local, que se entrelaçam à posterior fundação do escritório como, por exemplo, o arquiteto Raimon Durán i Reynals. No segundo, observou-se através de uma quantidade expressiva de mais de 700 projetos a afirmação de uma arquitetura na qual se deve inevitavelmente considerar sua inserção numa paisagem específica, o que determina um fio condutor que percorre toda a obra e condensa um interesse claro pela renovação da arquitetura espanhola, vinculando os experimentos modernos da primeira metade do século XX e a busca dos aspectos culturais autóctones mais essenciais.
Este modo de pensar e fazer arquitetura foi mantido, pese a diversidade de programas deparados pelos arquitetos, deixando evidenciar-se tanto nos projetos de casas de uso esporádico – programa predominante – como nos edifícios públicos ou institucionais de maior representatividade, como, por exemplo, a sede da Diputación de Barcelona (1985) ou as intervenções no Circuito de Catalunya (autódromo da Catalunha), iniciadas em 1990 com a torre de controle e o edifício para os boxes.
Em todos esses projetos condensam-se aspectos tipológicos, formais, compositivos e técnicos que formam uma espécie de linha contínua e subliminar onde seguem vigentes as medidas que regem a composição dos alçados, bem como as proporções entre cheios e vazios e entre alturas e distâncias, definindo assim um modus operandi que permite a imersão desta produção em uma tradição moderna a duras penas restabelecida e o respeito pelos valores culturais e pelo meio físico onde se inserem seus projetos.
Sobre os arquitetos
Francisco Ribas Barangé formou-se arquiteto em 1960 e doutoro-se em 1965. Foi professor de projetos para 3º e 4º ano na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB) entre 1966 e 1969 e membro da diretoria do Colégio Oficial de Arquitetos da Catalunha e Baleares (COAC) em 1962 e 1973. Entre 1960 e 1985, junto com o arquiteto José Luis Cia, dirigiu o escritório Ribas y Cia Arquitectos e a partir de 1995, ao lado de Damian Ribas Malagrida, o Ribas Arquitectos.
Damián Ribas Malagrida formou-se arquiteto em 1995 pela Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB). Depois de uma temporada no escritório de Jaume Bach y Gabriel Mora se associou com Francisco Ribas Barangé formando o Ribas Arquitectos, onde permanece até hoje.
Sobre o autor
Marcio Cotrim, arquiteto, professor licenciado pela UNAR e CUBM. Mestre em História da Arte e Arquitetura (UPC-UFMG); atualmente prepara a defesa de sua Tese de Doutorado (ETSAB-UPC) orientado pelo Prof. F. Alvarez Prozorovich (UPC) e pelo Prof. Abilio Guerra (Mackenzie). Desde 2005 é correspondente da revista Escala (Colômbia) e colabora, desde 2006, nas aulas de História III (UPC) e com o grupo de pesquisa Historia en Obres.